O primeiro xampu nos moldes modernos apareceu na década de 30 e, desde então, uma variedade de novas substâncias cheias de promessas vem sendo acrescentada a velha fórmula. Algumas funcionam – outras não.
Essa é a conclusão de uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Química da Universidade de Campinas (Unicamp), cuja especialidade é justamente o estudo sobre cabelos. Durante cinco anos, os pesquisadores observaram cientificamente o efeito de algumas dessas substâncias, entre elas o aloe vera e as ceramidas. Enquanto isso, outros quatro grupos nos Estados Unidos e na Europa faziam um trabalho semelhante. Ao final, chegou-se a uma análise detalhada de cinco das substâncias mais usadas nas fórmulas dos atuais xampus. Conclusão: três delas causam, de fato, algum impacto positivo aos cabelos – e as outras duas têm efeito nulo. A seguir, os especialistas explicam por quê.
Com filtro solar
Promessa do xampu: proteger os cabelos contra os raios UVA e UVB, neste caso, por duas razões – eles deixam os fios ressecados e mais quebradiços, segundo foi comprovado por meio de estudos científicos.
Funciona? Não.
Conclusão da pesquisa: o filtro de proteção contido no xampu não resiste a um único enxágüe – 98% dele desaparecem no ato. O resíduo que fica nos cabelos tem efeito zero.
Com Vitaminas
Promessa do xampu: com fórmulas compostas, em geral, por vitamina A, B ou E, a idéia é fortificar os fios e lhes conferir brilho.
Funciona? Não
Conclusão da pesquisa: o consumo regular de alimentos ricos em tais vitaminas de fato estimula o aparecimento de fios mais fortes, como já foi comprovado cientificamente – mas no xampu o efeito delas é zero. Também não se verificou nenhum impacto positivo quanto ao brilho como prometem alguns fabricantes.
Com Silicones
Promessa do xampu: tornar os cabelos mais fáceis de pentear e lhes dar brilho
Funciona? Sim.
Conclusão da pesquisa: por sua oleosidade, o silicone cumpre com as duas promessas e ainda ajuda a formar sobre os cabelos uma camada protetora – espécie de blindagem contra a perda natural de proteínas durante a lavagem. Com isso, os cabelos ficam menos quebradiços a longo prazo. É bom, no entanto, manter parcimônia no uso: a aplicação diária desse tipo de xampu pode deixar os cabelos oleosos demais.
Com Ceramidas
Promessa do xampu: repor o suprimento de ceramidas, uma proteína natural dos cabelos cuja função é manter os fios uniformes da raiz às pontas, livres de eventuais ramificações. Em quatro meses de uso do xampu, cerca de 80% de tais proteínas desaparecem dos cabelos, daí a necessidade de uma dose extra delas.
Funciona? Sim.
Conclusão da pesquisa: as ceramidas artificiais de fato aderem aos cabelos e se prestam bem ao papel de unir as escamas dos fios, conferindo-lhes uma superfície mais lisa e algum brilho.
Com Aloe Vera
Promessa do xampu: hidratar os cabelos por meio do aloe vera, um extrato retirado da babosa fartamente usado pela indústria de cosméticos.
Funciona? Sim.
Conclusão da pesquisa: o extrato em questão é composto de 96% de água e 4% de moléculas de carboidrato. São justamente essas moléculas as responsáveis pelo transporte de água às camadas mais internas dos fios, daí o efeito hidratante. Os testes indicam que o melhor resultado se dá por pelo menos três minutos nos cabelos.
Os antigos e seus cabelos
Como as pessoas lavavam os cabelos até o advento do xampu.
2800 A.C.
Os babilônios eram adeptos de uma mistura de sabão à base de gordura animal com cinzas.
1500 A.C.
No Egito Antigo, aplicava-se nos cabelos uma pasta de óleos animais e vegetais com pitadas de sal.
Século IV D.C.
Os romanos passavam no corpo e nos cabelos a mesma solução de óleo de Oliva.
Século XVIII
A aristocracia inglesa usava um produto feito de sabão derretido e ervas. De ótima fragrância, costumava irritar a pele e os próprios cabelos. Já era chamado de xampu – massagem, em dialeto hindu.
Década de 30
Surge os Estados Unidos o Drene, o primeiro xampu nos moldes modernos: fórmula com detergente, água e sal.
2008
O Brasil ocupa a terceira posição no ranking internacional de produção de xampus – fabrica 180000 toneladas por ano.
Uma visão científica – cinco verdades sobre os cabelos.
Cabelo é um assunto sobre o qual muita gente se sente especialista – sem ser. Daí a proliferação de mitos a respeito do tema. Especialistas ouvidos por VEJA listaram cinco das “verdades” mais propagadas sobre cabelos e apontam quais delas, afinal, estão amparadas no conhecimento científico. Os comentários:
Lavagem
Senso comum: esfregar os cabelos com vigor durante a lavagem é fundamental para deixá-los mais limpos.
Mito
A palavra dos especialistas: além de não resultar em cabelos mais limpos, esse método ainda os torna mais quebradiços em conseqüência do excesso de atrito. Depois de quatro meses de lavagens tão vigorosas, algo como 80% das proteínas naturais protetoras dos fios terá ido embora.
Sendo comum: não é bom lavar os cabelos todos os dias.
Verdade
A palavra dos especialistas: a lavagem diária costuma ser desnecessária do ponto de vista da limpeza, e esse hábito ainda ajuda a acelerar a perda de proteínas naturais dos cabelos, sem as quais eles se tornam enfraquecidos e perdem o brilho.
Senso comum: espuma é sinônimo de cabelos bem lavados.
Mito
A palavra dos especialistas: os fabricantes costumam incluir na fórmula do xampu substâncias para provocar espuma – mas ela apenas dá a sensação de limpeza, sem nenhum efeito positivo sobre os cabelos.
Sol
Senso comum: a exposição freqüente ao sol muda a cor dos cabelos.
Verdade
A palavra dos especialistas: isso ocorre em conseqüência da ação dos raios ultravioleta sobre a melanina, aquele pigmento responsável pela cor dos cabelos. Ela se recompõe – e os fios mudam de cor.
Preço
Senso comum: os xampus mais caros são os melhores.
Depende
A palavra dos especialistas: para a função fundamental, de limpeza, todos os xampus são basicamente iguais. Alguns vêm com substâncias adicionais que podem, de fato, melhorar o estado dos fios e, eventualmente, dar brilho a eles. Em teoria, nos xampus mais caros tais substancias são de melhor qualidade, portanto mais eficientes – mas não há nenhum estudo científico para comprovar tal tese.
Fonte - Revista Veja
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